Histórias, todo mundo tem aos montes... ainda mais nesse meio, onde nem todas são resolvidas ou vêem as relações entre pessoas do mesmo sexo como uma outra relação qualquer. Confesso que eu tb nem sou tão resolvida assim. Sou bi, mas minhas relações com mulheres ainda ficam num plano meio underground. Verdade seja dita, a sociedade não tá pronta pra isso ainda, por mais liberal que possa parecer.
Há algum tempo, fui apresentada a uma mulher. Foi uma coisa meio armada (no melhor estilo 5ª série... rs), mas ficamos a primeira vez por influências externas. E foi bom! Os beijos se encaixaram, foi uma delícia. Continuamos ficando por algum tempo e à medida que as coisas iam fluindo, aconteceram 2 coisas distintas com nós duas.
Eu me envolvi, me apaixonei, a ponto de fazer qualquer coisa por ela... mandei flores, coloquei todo meu repertório romântico e respeitador em jogo. Afinal, eu já tinha namorado uma garota durante 2 anos, e ela nunca havia tido uma relação mais profunda com alguma mulher. Ficava por ficar, por curtição... Enfim, eu me apaixonei, me abri e me entreguei. Queria namorar, cuidar, andar de mãos dadas, apresentar pra família e todo o pacote que vem junto com uma relação séria.
Ela, ao contrário, ficou assustada. Confessou pra mim que eu mexia com ela de uma forma diferente, que ela gostava muito de mim, que eu era diferente das outras a quem ela beijou, que era especial e tal... disse incluvise que já havia pensado várias vezes em se entregar tb e namorar comigo. Mas ela tinha medo. Disse que não conseguia se permitir isso, que tinha medo da reação da família.
Destroçou meu coração em pedaços, embora dissesse que nunca queria ter feito isso, que nunca quis me magoar. Numa conversa das mais doloridas (no dia dos namorados, quanta ironia), ela me assegurou que não mais queria se envolver com mulheres. Disse que gostava era de homens e que assim seria. Não pude fazer nada além de respeitar a decisão dela...
Algum tempo depois, quando eu já tava ficando com um cara (mas ficando à toa, pq eu não tinha tirado ela da cabeça ainda), soube por terceiros que ela estava ficando com uma outra garota. A maior louca periguete! Juro, meu sangue ferveu... experimentei um misto de raiva, ressentimento, tristeza, frustração... nem sei o que era.
Aquela mesma mulher que me disse que tinha medo, que não queria mais ficar com mulher nenhuma, que não queria me magoar e blá blá blá estava lá, de mãos dadas com a guria, beijando a boca dela na minha frente!
Se isso não é contradizer o próprio discurso (inclusive no que diz respeito a não querer me magoar) eu não sei mais o que é. Na hora só consegui mostrar tristeza e frustração, uma punhalada! Mas o ódio me devorava por dentro... não sabia o que fazer. Só me afastei dela, do convívio, das conversas diárias, dos e-mails e telefones...
Posso dizer que superei isso muito bem. Hoje em dia até continuamos a ter contato, ela me procura com mais freqüência do que eu a ela, mas vamos combinar uma coisa? Ninguém merece uma pessoa confusa dessas! E vou falar... é só desse tipo que aparece na minha vida... Acho que é meu carma, me envolver com mulheres que não sabem o que querem da vida (mas que não conseguem viver longe de mim e acabam virando 'amigas'... rs).
Mas não a condeno por essas confusões que habitam sua cabeça. Se fosse algo fácil de enfrentar, a gente não tava aí há tantos anos diante desse tabú. Tabú este que gera esse tipo de relação, onde uma quer ser amiga pra ter a outra sempre junto; e a outra se conforma com essa 'amizade' pra ter do lado a mulher que deseja.